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sábado, 17 de maio de 2008


Leituras de Fim de Semana...

Muitos de nós conhecemos , há longos anos, os diálogos semanais travados à sombra do castanheiro ou ao calor da fogueira , entre o tio Ambrósio e o Carlos do Cabeço, publicados pelo jornal AMIGO DO POVO. Sempre actuais, estes textos de estilo coloquial têm vindo a acompanhar gerações de pessoas da diocese de Coimbra e não só.
Do número desta semana, de O AMIGO DO POVO, extraímos mais uma dessas conversas, desta vez sobre a

crise actual, mundial e nacional,
o preço do petróleo,
a pobreza em Portugal…
_______________________________________________________


À sombra do castanheiro

– Como vão as coisas aí pelo Cabeço?
– Só oiço queixumes, Tio Ambrósio! Eu ainda sou dos que se queixam menos, apesar de também ter algumas razões para isso.
– Queixumes contra o Governo?
– Eu sei lá, Tio Ambrósio! O Sanguessuga diz que são queixas em relação à conjuntura. Parece que este mundo em que vivemos se meteu numa embrulhada, que vai ser muito difícil sair dela.
– Ainda não entendi onde é que tu queres chegar, Carlos! A vida não está fácil para ninguém...
– Para a maioria, quer o Tio Ambrósio dizer! E o Liberato acrescentaria que as dificuldades maiores são as da maioria silenciosa. Olhe que o povo sofre, Tio Ambrósio! Não é preciso irmos para outros continentes, onde infelizmente as dificuldades são ainda maiores, para encontrarmos pobreza de passar forme. Que esta coisa da pobreza é muito relativa, não acha?
– Claro, Carlos! E depois não devemos confundir pobreza com miséria, nem miséria com indigência. Lá nas estimativas dos técnicos da Europa, nós os dois também estamos incluídos no rol dos pobres, porque não temos rendimentos para comprar três pares de sapatos por ano, para irmos ao cinema duas vezes por mês, ou para passarmos umas férias de quinze dias...
– Eu, pelo menos!
– Mas, graças a Deus, não passas fome, nem tu nem a tua família. Isto quer dizer que só és pobre em certo sentido. Porque em Portugal há muita gente que não tem possibilidades de fazer duas refeições quentes por dia. E muitos têm que recorrer às obras de caridade e aos centros sociais para mitigarem a fome. Tu sabes, por exemplo quantas refeições servem as Criaditas dos Pobres, em cada dia, na Cozinha Económica de Coimbra?
– Um cento delas?
– Muito mais, Carlos? Todos os dias ali são servidas mais de quatrocentos almoços e jantares, muitos dos quais a gente que não tem eira nem beira. Esses homens e mulheres não os podemos inclir na lista dos pobres. Fazem parte do grupo dos indigentes, porque não ape-nas não têm um rendimento acima do limiar da pobreza, mas estão absolutamente carecidos de tudo. São duplamente pobres!
– Com essas e outras que tais é que o Tio Ambrósio me cala! No entanto, e sem chegarmos a tais extremos, podemos dizer que a situação não está famosa para ninguém. Os preços sobem todos os dias, e parece-me que os dirigentes dos povos estão prestes a perder o controle sobre a situação. Então essa coisa do petróleo é mesmo um caso sério. O preço todos os dias bate um novo recorde absoluto...
– Alguém o mete ao bolso, Carlos! Neste mundo, estamos todos divididos em duas partes. De um lado os que vendem, e doutro lado os que compram. Ora, se nós compramos o petróleo mais caro é sinal de que esse lucro vai ter às mãos de alguém. Se a lógica me não falha, deve haver países e grandes senhores que se estão a encher à custa desta crise.
– Eu não vou mito para essas análises. Nem eu, nem os nossos amigos do Cabeço e arredores. O que nós vemos é que, com o petróleo, tudo sobe que é um disparate. Primeiro foi o leite, porque os pastos e as rações são mais caros. Depois foi o pão, porque os cereais escasseiam e o seu preço disparou. A seguir são os medicamentos, não sei por que motivo. E ainda podíamos falar dos livros que os nossos filhos têm que comprar para a escola. Eu sei lá! E depois, estamos aqui todos de mãos atadas, porque podíamos produzir mais e não nos deixam. Isso é que eu acho um disparate de todo o tamanho!
– Concordo contigo, Carlos! Por exemplo essa do leite, nem bem explicada eu consigo entendê-la. Então os nosso agricultores dos Açores tiveram que pagar uma multa dos diabos por produzirem mais uns hectolitros do que a medida que lhes permitiam as leis da Europa, e depois estamos a ver que falta este produto no mercado? A quem é que convém que os agricultores dos Açores não produzam mais leite?
– Aos que querem controlar os preços, Tio Ambrósio! Se houver muito produto no mercado, o preço tende a baixar, o que alivia a bolsa dos mais pobres. Pelo contrário, se o produto escasseia, o preço vai por aí acima. E quem fala do leite, fala de outros produtos. Veja que aqui há anos andaram a dar-nos subsídios para nós arrancarmos as nossas oliveiras. Quem mandava era a Europa! Agora estão a dar incentivos para haver uma maior produção de azeite! Quem é que os entende? E isto para já não falar da questão do arroz, qe é um bem que, infe-lizmente, está a faltar nos mercados mun-diais. Qualquer diz vai ver o preço dele!
– Eu, graças a Deus, tenho uma defesa, Carlos! Cultivo aqui no meu quintal batata e hortaliça que me dá para todo o ano. Entendo, no entanto, que eu e tu, neste aspecto, somos uns privilegiados. Quem vive nos grandes centros, onde a pobreza muitas vezes dá lugar à miséria, é que sente essas dificuldades em maior grau. Esses, sim! Esses têm razão para se queixarem da conjuntura a que estamos a ser conduzidos por políticos incompetentes...
– E não só políticos, Tio Ambrósio! Esses, por vezes pagam todas as favas, e outros é que apresentam, no fim de cada ano, lucros fabulosos, que davam para matar a fome aos que se incluem no escalão da pobreza, no escalão da miséria e no escalão da indigência. Não acha, Tio Ambrósio?
http://oamigodopovo.com/tioambrosio328.html

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