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sábado, 10 de maio de 2008


Vivências de Outrora II

Quatro Estações do Linho


Em complemento do artigo com este título, chegou-nos agora o desdobrável em causa. O mesmo, fazia um resumo do espectáculo " Quatro estações do linho ". Para os leitores interessados, deixamos aqui a transcrição do mesmo:

“ É com o murmúrio da água no riacho que tudo começa.”

E prossegue o relato:

“ A água está fria. As lavadeiras vão chegando com gamelas cheias de roupa e confortam-se a cantar e a contar a vida de uns e de outros. Molham os trapinhos dos filhos, esfregam-nos, batem-nos e torcem-nos energicamente a cantar e a falar. Já a Leonor, a Rosa e a Rita andam de boca em boca. É a Leonor que espera e desespera pelo regresso do seu marinheiro; é a Rosa que, por ser filha do fazendeiro, não pode amar o serralheiro, a quem, em segredo, se prometeu, sem fazer caso dos interesses do pai e quanto mais o pai ralhava, mais a Rosinha gostava e lhe tinha mais amor; é a Rita que caiu nos braços de um resineiro de terras distantes…ninguém pára o falatório das lavadeiras.

É assim que entre o barulho da água e das crianças, entre o trabalho das lavadeiras e a sementeira do linho, acontecem a amizade entre a Leonor, a Rosa e a Rita; os seus amores contrariados, a bebedeira alucinante do lenhador e também a história dramática de uma mãe solteira, gozada, apontada a dedo, rejeitada e insultada pelo povo: sua doida, desavergonhada, ai agora choras!

A arranca do linho e a festa do regresso do marinheiro, do filho do meio do fazendeiro, marcam o fim da I Parte.

Muito dá que fazer o linho! Desde semear, arrancar, ripar, enriar, macerar, espadelar, fiar, barrelar, até dobar, tecer e finalmente bordar, são dias e noites de trabalho e cantar e dançar parece já não bastar àquela mocidade. A ideia da vida citadina germina entre a rapaziada. Já o serralheiro tinha deixado a aldeia e agora são os filhos do fazendeiro que se vão. Primeiro um, depois o outro e com eles, as esperanças e os projectos do fazendeiro. Nenhum argumento foi suficiente para impedir a partida daquelas filhos ingratos, como lhes chamou o velho, na hora do adeus. Nada, nada impedira: nem a boa terra da fazenda -não havia melhor naquelas redondezas - nem a mãe doente, nem até a ideia de ficarem deserdados. Dali saíram e nunca mais voltaram.

Agora que os seus irmãos partiram e que a sua mãe morrera de desgosto, a Rosa tinha perdido a esperança de ir ter com o serralheiro. Não ia ele também abandonar o pai? Não, isso não podia. Ia até à fonte, retirava do bolso do avental uma velha foto do amado e ali permanecia um pouco.

A Rosa sabia que apenas uma ideia dava a força da vida a seu pai: a de salvar aqueles pedaços de terra que sempre acarinhara. Mas, não imaginava que o velho tinha acabado por esquecer a ideia de casá-la com um milionário. Trazer de volta o serralheiro, o mais depressa possível, parecia-lhe agora uma solução brilhante.

Os preparativos da boda, não tardaram a dar todo o seu significado ao enxoval de linho que a Rosa tinha guardado numa velha arca; tal como guardara o serralheiro no seu coração.

Parecia-lhe, assim, que o tempo nada mudara… “

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